Second floor - short corridor
Estranho como tão rapidamente me acostumei a esta mudança. Estranho bom. Não costumo ser boa com mudança. Que palavra tão feia, “mudança”, nunca tinha reparado. Agora sou estrangeira por isso suponho que poderia simplesmente dizer change. A verdade é que eu já faço isso e também já sou estrangeira há muito tempo. Agora sou imigrante. É isso. A minha reacção standard às leves oscilações na harmonia do meu mundo é normalmente muito parecido com o que Freud inicialmente intitulou de «sintomas mórbidos», ou seja, histeria. Ter de REanalisar ao mais microscópico pormenor uma qualquer conjuntura que já havia sido sujeita a um complexo processo de auto introspecção é exactamente o tipo de situação que eu evito. Mesmo. E no entanto, aqui estou, tão longe (física e conceptualmente) do meu habitat natural.
Os dias aqui passam depressa e assim descubro como a rotina diária me assenta que nem uma luva. Matinal como sempre, aproveito o sossego das horas calmas para estar comigo neste quarto que agora é “o meu quarto”, gosto de o ter arrumado e organizado mas não de uma maneira esterilizada, só confortável, personalizado ao verdadeiro estilo estudantil: um ou outro objecto simbólico de recordação, uma manta e muitos posters.
A partir da alvorada geral, as portas deixam-se abertas e as entradas e saídas são bem-vindas. Os corredores também são uma paragem obrigatória quando o dia no exterior acaba. A noite vem mais tarde. Na cozinha todos partilhamos mas ouve-se dizer que na vizinha não é bem assim. O Mark, génio da matemática, dorme uma hora por noite e não parece ter muita necessidade de ingerir alimentos. É naïf e inocente e a minha primeira fonte (inesgotável!) de conversas intelectualmente estimulantes. O Fred (Freddy só eu lhe chamo, ajuda com as saudades de casa) é o meu teddy bear – grande é a palavra de ordem – todo ele é ternura, sem qualquer ameaça à sua masculinidade. Estuda no meu quarto e ajuda-me a decorar palavras árabes através de cartões que eu desenhei meticulosamente. Eu faço o jantar e ele lava as panelas. O James proclamou-se o meu “peer supporter” e quando entro em stress mode é o primeiro a socorrer – mas já todos ajudam, e ajuda mesmo! Ouve The Fray constantemente enquanto estuda a diferença entre células carótidas e umas outras com um nome semelhante que eu não senti qualquer necessidade de decorar. Sem aquele insuportável positivismo inabalável pelo qual certos indivíduos neste mundo se regem, é do tipo look on the bright side. A Sandra, que vem de Liverpool e é Serva, tem um sotaque reconhecível a quilómetros de distância. Linguista como eu está a tirar Espanhol e Português e já prometi dar uma mãozinha. Ofereceu-me um poster do James Dean porque sim. Girl talk, therapy and cigarettes. Mantém-se para a Nicole também com quem sou extraordinariamente compatível. Esta doida viajou pela América Latina sozinha e foi ao «Burning Man Festival» (Lembras-te, Freddy, do “Malcolm in the middle”?!). Prevejo um trio inseparável. Ontem, com a ajuda de alguns copos, já professamos o nosso amor umas pelas outras. Há três Jo’s – que eu conheço pelo menos – uma calminha, duas loucas. A Josephine que é (fortunately!) o género da minha mana e a Joanne. Party girls ao máximo. Which stays true para a Yoon, Coreana mas bifa, grita por mim do fundo do corredor só para me cumprimentar. No 80’s disco de ontem (devidamente caracterizada) conheci mais uns quantos. O meu grupinho de Orientalistas é composto da Harriet, outro James (há bastantes) e o Frankie. A Harriet é very posh-blonde-hyphenated surname-fun-sociable-British. O James é uma versão mais relaxada de mim e talvez por isso sempre preocupado se estou good. O Frankie é o niponic-wannabe do grupo, muito Indie e alternativo, renunciou ser Francis and all that follows. Os quatro montados em bicicletas, cortamos caminho por entre campos, vacas, pontes e riachos para chegar à FAMES (Faculty of Asian & Middle Eastern Studies). Eu sou Marrrta, Mata, Mutter, Martha… enfim. O próprio campus é alucinante, muito verde, muitos esquilos. E sim, há muito trabalho. Bem, se calhar já chega, só para dar um gostinho. Sinto-me em casa mas não me esqueço de casa.
Os dias aqui passam depressa e assim descubro como a rotina diária me assenta que nem uma luva. Matinal como sempre, aproveito o sossego das horas calmas para estar comigo neste quarto que agora é “o meu quarto”, gosto de o ter arrumado e organizado mas não de uma maneira esterilizada, só confortável, personalizado ao verdadeiro estilo estudantil: um ou outro objecto simbólico de recordação, uma manta e muitos posters.
A partir da alvorada geral, as portas deixam-se abertas e as entradas e saídas são bem-vindas. Os corredores também são uma paragem obrigatória quando o dia no exterior acaba. A noite vem mais tarde. Na cozinha todos partilhamos mas ouve-se dizer que na vizinha não é bem assim. O Mark, génio da matemática, dorme uma hora por noite e não parece ter muita necessidade de ingerir alimentos. É naïf e inocente e a minha primeira fonte (inesgotável!) de conversas intelectualmente estimulantes. O Fred (Freddy só eu lhe chamo, ajuda com as saudades de casa) é o meu teddy bear – grande é a palavra de ordem – todo ele é ternura, sem qualquer ameaça à sua masculinidade. Estuda no meu quarto e ajuda-me a decorar palavras árabes através de cartões que eu desenhei meticulosamente. Eu faço o jantar e ele lava as panelas. O James proclamou-se o meu “peer supporter” e quando entro em stress mode é o primeiro a socorrer – mas já todos ajudam, e ajuda mesmo! Ouve The Fray constantemente enquanto estuda a diferença entre células carótidas e umas outras com um nome semelhante que eu não senti qualquer necessidade de decorar. Sem aquele insuportável positivismo inabalável pelo qual certos indivíduos neste mundo se regem, é do tipo look on the bright side. A Sandra, que vem de Liverpool e é Serva, tem um sotaque reconhecível a quilómetros de distância. Linguista como eu está a tirar Espanhol e Português e já prometi dar uma mãozinha. Ofereceu-me um poster do James Dean porque sim. Girl talk, therapy and cigarettes. Mantém-se para a Nicole também com quem sou extraordinariamente compatível. Esta doida viajou pela América Latina sozinha e foi ao «Burning Man Festival» (Lembras-te, Freddy, do “Malcolm in the middle”?!). Prevejo um trio inseparável. Ontem, com a ajuda de alguns copos, já professamos o nosso amor umas pelas outras. Há três Jo’s – que eu conheço pelo menos – uma calminha, duas loucas. A Josephine que é (fortunately!) o género da minha mana e a Joanne. Party girls ao máximo. Which stays true para a Yoon, Coreana mas bifa, grita por mim do fundo do corredor só para me cumprimentar. No 80’s disco de ontem (devidamente caracterizada) conheci mais uns quantos. O meu grupinho de Orientalistas é composto da Harriet, outro James (há bastantes) e o Frankie. A Harriet é very posh-blonde-hyphenated surname-fun-sociable-British. O James é uma versão mais relaxada de mim e talvez por isso sempre preocupado se estou good. O Frankie é o niponic-wannabe do grupo, muito Indie e alternativo, renunciou ser Francis and all that follows. Os quatro montados em bicicletas, cortamos caminho por entre campos, vacas, pontes e riachos para chegar à FAMES (Faculty of Asian & Middle Eastern Studies). Eu sou Marrrta, Mata, Mutter, Martha… enfim. O próprio campus é alucinante, muito verde, muitos esquilos. E sim, há muito trabalho. Bem, se calhar já chega, só para dar um gostinho. Sinto-me em casa mas não me esqueço de casa.
4 Comments:
ainda bem que está tudo a correr bem ai
have fun gal ;P *
Buáááááá! I miss you muitíssimo manalecas!
Very happy you're happy, me very tired what with trying to become a journalist painter an' all that crap, but glad to see all that pressure is paying off...with both of us!
Diz a Josephine que ela ainda tem muitos bifes para comer..eheh.
Beijão Mana, Salam!
i leave my smile here, my beloved :)
tenho ciumes.
Post a Comment
<< Home