Horas de acordar. Expiro todo o sono. Sem entusiasmo. Preciso de oxigénio. Os dias seguem pelas rectas paralelas que anseiam por se tocar. A tragédia está doente, há mais de um mês que não sai de casa. Mas os ponteiros do relógio insistem em competir com as gotas que pingam do tecto. Chove. Chove muito. Os olhos ardem-me de sonhos incompreensiveís. Embrulho prazeres secretos em panos velhos para arrumar no sotão. São tantos os pensamentos que afasto, encolhe o subterfúgio. Do nada tiro coisa alguma e "tu" ecoa nos meus ouvidos. Mas quem és tu? (E quem sou eu?) Será que um ciclo lunar anuncia o fim do mundo ou simplesmente a ausência de festejo sobre uma data a que renúncio? Não é medo, nem susto, nem pena de uma hipotética insuficiência social.. é descobrir que a Terra partiu em viagem, traçou - de novo - o caminho da luz, e regressou; e o tempo não trava amizade com um sopro de existência que o esgota e o troça e o desperdiça, sem coleccionar dados de pesquisa. É cansativa a eterna reconstrução de algo que nunca foi nem poderá vir a ser. Não é pessimismo, é motivação, e a pérola perde - solitária - o seu brilho.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home